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30.06.2007
As Obras

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Benjamin Britten (Lowestoft, Suffolk, 1913 - Aldeburgh, 1976)

Soirées Musicales, op. 9 – Suíte para Orquestra em cinco movimentos

Um dos mais representativos músicos ingleses do século XX, Britten foi um compositor de características pessoais, que não aderiu a nenhuma das diversas correntes musicais que se desenvolveram durante aquele período, preferindo elaborar suas obras com os olhos voltados para a Idade Média ou para o bel-canto do século XIX.

A parte mais significativa de sua obra é ligada à música vocal, canções, peças para coro, para coro infantil, e sobretudo óperas, tendo escrito treze ao todo, incluindo peças como Sonho de Uma Noite de Verão, O filho pródigo e Peter Grimes. Uma de suas composições mais conhecidas é War Requiem (1962), peça de grandes proporções para três solistas, coro, coro infantil, órgão e duas orquestras.

Sua ascensão profissional começou após a apresentação de Variações sobre um tema de Franck Bridge no Festival de Salzburgo de 1937. Criou o Festival de Aldeburgh (Suffolk), ao qual associou em 1960 a English Chamber Orchestra, que estreou muitas de suas obras, como Sonho de Uma Noite de Verão. Escreveu música para programas de rádio e foi amigo do poeta W.H. Auden, com quem trabalhou no ciclo Our Hunting Fathers (1935).

Uma das obras mais conhecidas de Britten é o Guia Orquestral para os Jovens de 1946, excelente material didático, no qual são apresentados todos os instrumentos da orquestra através de variações sobre um tema do compositor inglês Henry Purcell (1659-1695).

Britten trabalhou como autor de música para documentários elaborados pelo Correio Inglês e em 1936, ao trabalhar no filme Men of the Alps, precisou realizar um arranjo de obras de Gioacchino Rossini (Pesaro, 1792-Paris, 1868) para orquestra de câmara e vozes. Ao conhecer melhor a obra desse compositor, encantou-se com seu estilo e, assim que terminou o filme, reescreveu a partitura em versão orquestral com o título Soirées Musicales.

Nesta peça Britten trabalha livremente as idéias rossinianas, aplicando a elas, além de seu grande conhecimento de orquestração, uma grande inventividade na elaboração da obra, não deixando ao ouvinte a possibilidade de reconhecer o que é arranjo e o que é o original de Rossini.

A peça estreou em 1937 com a Orquestra da BBC regida por J. Lewis. Tempos depois, em 1941, Britten escreveu a peça Matinées Musicales, também inspirada na música de Rossini.

 

Alberto Ginastera (Buenos Aires, 1916 - Genebra, 1983)

Concerto para Harpa e Orquestra, op. 25

Compositor argentino mais reconhecido de todos os tempos, Ginastera deixou uma vasta gama de obras nas quais utiliza as técnicas mais diversas, que vão desde a música tradicional e folclórica até politonalidade e música aleatória. Em 1941, três anos após concluir seus estudos no Conservatório Nacional de Música, tornou-se professor desta instituição e posteriormente da Universidade Católica de Buenos Aires. Sua atuação na área didática foi bastante relevante, tendo participado da criação do renomado Centro Latino-Americano de Altos Estudos Musicais do Instituto Torcuato di Tella em Buenos Aires, um dos pontos de referência para estudos de música contemporânea na América Latina, onde se formaram muitos compositores hoje renomados. Em 1945 foi para os Estados Unidos estudar com Aaron Copland nos cursos de Tanglewood.

Teve grande destaque com suas óperas Don Rodrigo, Bomarzo e Beatrix Cenci, mas sua produção abrange ainda música de câmara e música vocal, balés, sinfonias, concertos e um grande número de peças para piano.

Ginastera trabalhou por muito tempo dentro da corrente da música nacionalista, que praticamente abandona em sua última fase. Ele próprio dividiu sua obra em três períodos: no primeiro, chamado nacionalismo objetivo, trabalha com obras de temática folclórica, com influência de Stravinsky, Bartok e Falla; no segundo, nacionalismo subjetivo, os elementos tradicionais ainda são bastante utilizados, mas de forma menos direta e mais simbólica; e o terceiro, que chamou de neo-expressionismo, é o momento em que passa a utilizar técnicas mais radicais, como microtonalismo e música aleatória. Sua atuação nesta fase teria influenciado o rock progressivo da década de 70.

O Concerto para Harpa e Orquestra, escrito em 1956, trabalha com uma linguagem universalista e antenada com os procedimentos da música contemporânea, como atonalismo e serialismo, mas de uma maneira bastante pessoal. Apesar disso, utiliza elementos da música folclórica argentina, como pode se observar no último movimento. A estréia só ocorreu em 1965 tendo como solista o grande harpista espanhol Nicanor Zabaleta (1907-1993), embora o concerto tenha sido dedicado à harpista da Orquestra da Filadélfia, Edna Philips, que havia encomendado a obra, mas já havia se retirado. A execução ficou a cargo da Orquestra Filarmônica da Filadélfia, sob a regência do lendário Eugene Ormandy.

A peça tem três movimentos, sendo o primeiro fortemente rítmico, com alternâncias entre trechos de orquestra completa e outros menos densos, nos quais a harpa tem espaço para brilhar. Após um final tranqüilo, entra o segundo movimento e pode-se notar uma certa influência do compositor húngaro Béla Bartók (1881-1945). A partir de uma longa cadenza surge o terceiro movimento, de grande dificuldade técnica, onde são perceptíveis alguns motivos melódicos argentinos. Como habitual na obra de Ginastera, o ritmo é bastante forte e a percussão muito exigida

 

Felix Mendelssohn (Hamburgo, 1809 - Leipzig- 1847)

Sinfonia n.5, em Ré Maior, op. 107 - "Reforma"

Mendelssohn pensou em compor esta sinfonia durante uma estadia em Londres no ano de 1829, logo após o rei da Prússia, Frederico II, anunciar que em 1832 iriam acontecer grandes comemorações pelo tricentenário da Confissão de Augsburgo, quando Martinho Lutero estabeleceu as bases da Reforma Protestante, que dividiria a igreja definitivamente. O compositor, apesar da ascendência judia, havia sido criado na tradição luterana, da qual sempre foi devoto.

A sinfonia foi concluída ainda naquele ano e apresentada em novembro de 1832 em Berlim, sob a regência do próprio autor. Foi intitulada naquela ocasião Sinfonia para a Celebração de uma Revolução Religiosa, o título Reforma foi associado posteriormente. Ao que tudo indica, não foi mais executada durante a vida do compositor e só foi publicada postumamente, em 1868.

Escrita em quatro movimentos, somente o primeiro e o último aludem a temas luteranos. O primeiro se inicia com uma introdução lenta e solene, que alterna entre metais e cordas em pianíssimo, apresentando o chamado Amen de Dresden, tema retirado da liturgia luterana do século XVIII da região da Saxônia. É constrastado por um vigoroso Allegro con fuoco e ao final acontece a reapresentação do Amen de Dresden, que, entretanto, termina em grande agitação com um acorde menor se transformando em maior.

No segundo movimento, Allegro vivace, os instrumentos entram em grupo, madeiras, cordas e finalmente a orquestra completa. Sua forma é derivada do tema do primeiro movimento. O Trio, ou seja, a parte central, apresenta uma delicada melodia executada pelo oboé.

O terceiro movimento, Andante, é bastante contido e sugere, como dito pelo próprio compositor, uma canção sem palavras para cordas e madeiras. Este trecho funciona como um prelúdio para o último movimento, no qual Mendelssohn escreve uma fantasia sobre o coral de Lutero Ein’ feste Burg ist unser Gott (Castelo forte é nosso Deus), freqüentemente chamado Hino da Reforma. A introdução é feita por uma flauta solo, seguida por um coro das madeiras, que se amplia até a presença da orquestra completa. O andamento é acelerado para Allegro vivace, frases do coral reaparecem em diversos instrumentos até o grande final, uma majestosa afirmação de fé, com o hino executado pela orquestra completa.

O número de opus desta sinfonia não reflete a ordem das sinfonias de Mendelssohn. Na verdade a Sinfonia Reforma, iniciada em 1829, deveria, a rigor, ser a segunda e não a quinta, já que a terceira, Escocesa, foi iniciada em 1830 e concluída somente em 1842.

Lenita W. M. Nogueira

 

DICIONÁRIO MUSICAL

Atonal. Termo aplicado à música que não utiliza os princípios da música tonal tradicional.

Rossini, Gioacchino Antonio (Pesaro, 1792 – Paris, 1868). Compositor italiano, autor de 39 óperas, além de música sacra e de câmara. Entre suas obras mais conhecidas estão Il Barbiere di Siviglia (O Barbeiro de Sevilha, 1816) e Guillaume Tell (Guilherme Tell, 1829).

Microtonalismo. Uso de microtons, intervalos menores que o semitom da escala ocidental. "Música nas frestas", segundo o compositor vanguardista Charles Ives.

Música aleatória. Música em que certas escolhas na composição ou na execução são deixadas ao acaso ou à vontade do intérprete.

Politonalidade. Uso simultâneo de tonalidades diferentes.

Serialismo. Modo de composição em que um ou mais elementos são determinados por uma série pré-estabelecida pelo compositor.

Lenita W. M. Nogueira




 
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